Existem palavras que ditas são difíceis de lidar, o papel parece rejeitá-las e elas nos cravam a garganta de tanto as engolir. Fingimos não ver que as palavras têm o dom de condenar quando não são proferidas, mas ainda assim, preferimos guardá-las do que dizê-las a quem não as irá entender. As palavras têm um peso enorme e nem sempre são entendidas como desejaríamos. Magoam, rasgam, torturam. Quando guardadas, sufocam. Queremos libertá-las e viver então em paz, por finalmente ter desabafado, só que, às vezes, são tão grandes as feridas que podem causar, que preferimos que a ferida seja feita em nós e não nos outros.
Quem me dera ser folha em branco e poder escrever pela primeira vez, a primeira palavra que sentisse. Escreveria a lápis, no caso de não me identificar mais com a mesma, pois hoje sabemos o que temos e amanhã ser tudo diferente.
Fazemos tantas vezes promessas que não sabemos como iremos cumpri-las. Não podemos prometer o “para sempre”, quando somos feitos de agoras, quando só sabemos o nosso presente. O futuro é uma incógnita e ninguém deve ter consigo a obrigação de ser eterno. Nenhuma pessoa é eterna, nenhum relacionamento ou sentimento. As coisas, as pessoas e os sentimentos se desgastam, mudam, transformam-se, diminuem e aumentam.
O tempo torna tudo diferente. Nada se mantém inteiro para sempre. Já não somos folhas brancas, sem história, sem feridas. Todos nós temos cicatrizes, palavras que ficarão sempre, pessoas que nos marcaram. Não chegamos ao fim da vida, com uma única palavra escrita. A vida é mais do isso. A nossa jornada obriga-nos a escrever, a sentir, a ir e a recomeçar.
Quantas palavras engolimos por medo de magoar o outro? Quantas palavras abriram feridas que ainda hoje magoam? Quantas páginas temos de palavras que já nem fazem sentido no dia de hoje? Quantas promessas foram feitas e jamais cumpridas? Quantas promessas impossíveis fizemos? Quais são os nossos arrependimentos? Quais eram os teus planos?
As palavras têm uma força incrível. Magoam. Marcam. Tenham a delicadeza de não escrever ou dizer a palavra errada, pois a mesma pode causar um dano irreparável na folha de alguém ou até na nossa. Tudo o foi dito, não pode ser retirado. E o que foi engolido, jamais será esquecido. Digam o que disserem, pensem se é o mais indicado, se é mesmo o que sentem, se vale mesmo a pena ou se é estritamente necessário. Todos nós já fomos marcados pelos motivos errados. Não queiramos fazer o mesmo com os outros.
2 Comentários
As palavras têm um peso imenso e deixam-nos marcas profundas. Por isso, é mesmo importante sabermos como as usamos. Embora acredite que não sou inteiramente responsável pela interpretação dos outros, a verdade é que posso minimizar os mal entendidos.
Acredito piamente nisso. Às vezes, uma má escolha de palavras ou de tom, gera grandes mal entendidos. Há que ter cuidado.