“O amor é a única coisa capaz de transcender o espaço e tempo.”
A maior dor sempre vai ser o tempo. O tempo passa e os momentos mais importantes da nossa vida vão-se tornado em meras lembranças do quanto um dia fomos felizes. O sorriso vira tantas vezes alternativa, para esconder uma tristeza sem fim, de não poder voltar no tempo e conquistar o que foi perdido. Não há como voltar no tempo e fazer uma escolha diferente, não dá para recuperar o que perdemos. O nosso passado é irremediável. Resta-nos apenas, no presente, aprender a ver o infinito e o tempo com olhos mais sábios.
Não conseguimos explicar o infinito dos nossos corações, nem a que distância as pessoas que perdemos estão. A morte não consegue apagar aquilo que existiu e as lembranças sempre viverão nos corações de quem amamos. Quão raro e belo é mesmo existir, ser capaz de amar, de construir sonhos e guardar lembranças. Quão raro é sentir que não se está sozinho e que alguém realmente nos ama. Quão raro é amar e perceber que aquela pessoa um dia pode cá já não estar. Quão raro e difícil é ficar quando o nosso coração dói e arde de saudade, que jamais será recompensado com um abraço ou um “gosto muito de ti”. Quão sufocante pode ser, saber que não tivemos a coragem das estrelas para dizer o que sentíamos enquanto ainda era tempo. O tempo solidificou o silêncio dito e as palavras que permaneceram em nós, mas não levou o amor que sempre existiu. O tempo deixou-nos a pior/melhor coisa: as lembranças de que quem amamos, existiu.
A luz continua interminável mesmo após a morte, ainda que não saibamos explicar o quão duro é ver alguém partir (o nosso coração). Jamais poderemos escrever ao universo uma carta, para que lhe seja entregue, ou ver quem mais amamos mais uma vez. Jamais poderemos ouvir a sua voz dizer que “o universo foi feito só para ser visto pelos meus olhos”. Cada um de nós terá a oportunidade de ver com os seus próprios olhos, do que é feito o universo. Se pudesse adivinhar, diria que é feito das lembranças de cada ser que já existiu e lá agora habita.
A saudade para sempre ficará, de quem partiu sem nos ensinar, como olhar o universo com os nossos olhos, vendo além de toda a tristeza que possamos sentir e de toda a escuridão. Daria tudo para ouvir e abraçar de novo, quem hoje vive no universo, vendo as estrelas brilhar e as lembranças vividas nesta vida distante. O fôlego me falta. Fazes-me falta. Pelo menos, sei que a única coisa que transcende a nossa distância é o amor que sinto por ti. Amo-te.
Publicação inspirada na música “Saturn” de Sleeping At Last.
[Publicação inserida no Projeto 642]
6 Comentários
Que texto poderoso! Mais uma excelente participação no projeto *-*
Muito obrigada ?
Que texto tão bonito! Identifico-me muito e quanto mais os anos passam, mais a questão do tempo vai sendo uma constante nos meus pensamentos…
Por aqui está a ser igual. Muito obrigada ?
Ótimo texto, cada linha conversa diretamente com a maravilhosa música Saturn, que passa uma paz e alegria de outro mundo!
Muito obrigada! ?