Exaustos de ser. De tentar parecer ser mais, saber mais. Exaustos de confusão e de mudanças constantes. Da rotina e da falta dela. De cair. De beber para esquecer. De insónias. Caos. Destinos cruzados. Atalhos sem saída. Exaustos de tentar parecer ser fácil, quando tudo é difícil.
As mensagens que vão, mas que não voltam. A falta de intensidade. O esgotamento mental. Exaustos de paixão que apenas queima por segundos. Faíscas. Partículas do que era e já não é. Coisas que foram e não voltam. Regressos adiados por cobardia. Desculpas por medo de ser de verdade, de sentir. Orgulho a mais para pedir perdão. Mentiras contadas por acreditarem ser verdades.
Quão confusa pode ser a mente humana? Quantas escolhas por dia fazemos? Quantos erros cometemos? Quantos ficaram por cometer? Quantas desculpas não pedimos? Quantas vezes mentimos?
O ser humano é uma incógnita que nos leva à exaustão. O incerto parece certo tantas vezes, que nem sempre vemos o terreno desconhecido em que pisamos. A mente é um labirinto com saídas limitadas, um puzzle infinito. São milhares de partículas querendo construir uma única conexão. São várias peças por encaixar. Decisões. Decisões. Exaustão.
Em instantes tudo muda. Derrubam-nos, fazem-nos ir por direções contrárias ao nosso destino. Em instantes tudo se transforma. Voltamos a cinzas.
Até quando teremos de agir, decidir, fazer, falar, dormir? Até quando teremos de fingir? Até quando teremos de lutar de sorriso fingido, mostrando ser forte, quando a nossa alma grita por socorro? Até quando nos deixaremos ficar por madrugadas inteiras, num canto do quarto, chorando por desespero de não saber mais o que fazer?
Exaustos de não ser. Uma fase. Somente uma fase. A exaustão é apenas um distúrbio do meu ser. Um distúrbio que teimo em esquecer, para que possa por fim, esquecer-me de mim.
2 Comentários
A nossa vida avança nesse constante ritmo de decisões. Das mais banais, às mais transformadoras. Porque é a maneira que temos, consciente ou inconscientemente, de orientar os nossos passos; de construir a nossa histórias. Mas há alturas em que a tomada de decisões pesa, por inúmeros fatores, e só queríamos desligar a ficha. E viver, apenas, de uma forma muito mais leve, quase como se saíssemos do nosso corpo e não fôssemos nós a decidir.
Podemos viver de forma mais leve mas teremos sempre que decidir alguma coisa. Não podemos deixar que decidam por nós.