Desde criança, que ouvia que os objetos guardavam as nossas energias, por tempo indeterminado. Quando tudo acalmou e o meu coração sossegou, por uns instantes irrefletidos, vi-me atravessar aquele corredor cheio de luz, de encontro ao seu quarto.
A dor, que me havia trespassado, tantas vezes, nos dias vividos anteriormente, na base de lágrimas e saudades profundas, de quem sabemos que jamais receberemos um abraço ou um olhar, havia apaziguado. Ao entrar, no quarto que lhe pertencia, dando o máximo detalhe para cada objeto no seu devido lugar, à cama com cheiro de rosas, às flores presentes na jarra, encontrei aquele simples cobertor.
A dor visitou-me, tirando-me a força nos membros inferiores, obrigando-me a sentar no pavimento. Pousei a cabeça, naquele cobertor, pois foram tantas as vezes, em que a tinha pousado nos seus joelhos, naquele exato lugar, e chorava sem parar, reclamando de várias feridas e de pessoas perdidas, desconhecendo, por ignorância, a dor que seria perdê-la, para sempre.
Agarrei-me àquela peça singela, que guardava ainda o seu perfume, e com todo o meu coração, desabei. Estava no seu quarto, observando as suas coisas, só que a peça principal e fundamental, havia-se despedido de mim. O vazio pertencia-me e fundia-se dentro de mim, refugiando-se em todos os cantos, a seu bel-prazer.
O céu despediu-se do sol e beijou a lua, enquanto, de joelhos no chão continuava, agarrada à sua peça mais antiga. Quando não havia mais gota alguma a ser derramada, limpei o rosto e todo o vazio sumiu. Como que por magia, sentia-me leve e calma. A paz visitara-me e soube, como sabia, desde sempre, que fora a sua energia. A sua energia iluminara o meu coração e deixara-o sem mágoas ou dor. Expulsou a escuridão e renovou o brilho da minha alma.
Retirei o verde da sua cama, onde tantas vezes, a visitara e acordara, e levei a peça mais especial e mais simples, que tinha dela. As energias dos objetos, só refletem o que levamos no coração. As peças que mais gostamos, que cuidados com todo o amor, um dia, guardarão a nossa energia, para que quem as procure, possa encontrar o alento que tanto precisa, enquanto a dor ficar.
A esperança estava nos meus braços. O corredor estava enegrecido e a minha alma em paz. Sentia-a em paz. Fechei os olhos e senti-a tão perto de mim, como se me abraçasse e me instigasse a seguir. Assim o fiz.
Existem abraços físicos que nos irão faltar e nas suas peças preferidas, iremos reencontrar, maneira de recordá-los e de senti-los. Enquanto existir memória e amor, todos os abraços serão entregues, com a troca de um olhar, um toque nas mãos, um sorriso ou um “olá” para o céu.
Trago o seu abraço, nos braços e no coração. A nossa energia, numa simples peça de lã. A esperança, voltou para o seu devido lugar, para bem perto do meu coração.
Partiste em paz. Sei-o. Senti-o. Estou em paz. Tenho-te perto. Até um dia, avó estrelinha.
[Todos os textos desta rubrica são ficcionais e inspirados em imagens aleatórias.]
10 Comentários
Que texto mais lindo e comovente, eu amei muito <3
Beijinhos
Renata
Muito obrigada! ? beijinho ✨
Há pessoas que ficam em nós para sempre, porque há sempre algo que as relembra e as deixa perto.
Que texto tão emocional e cheio de amor *-*
Oh, muito obrigada! ??
Gostei muito deste POST!! O texto foi mesmo muito Bom! <3
http://www.pimentamaisdoce.blogspot.com
Muito obrigada querida ? beijinho ✨
“Enquanto existir memória e amor, todos os abraços serão entregues, com a troca de um olhar, um toque nas mãos, um sorriso ou um “olá” para o céu.
Trago o seu abraço, nos braços e no coração. A nossa energia, numa simples peça de lã. A esperança, voltou para o seu devido lugar, para bem perto do meu coração.”
É tanto, tanto isto, Carolina! Acreditar nisto todos os dias e abraçá-lo com muita força <3
Acredito mesmo que sim. ?✨
OLÁ. ADOREI LER ESTE POST, MOTIVO PELO QUAL O JUNTEI AOS MEUS FAVORITOS. SENTI CADA PALAVRA, POR TER RECONHECIDO A EXPERIÊNCIA MUITO COMO A MINHA. OBRIGADA. ✨
LU (AQUI HÁ CORAÇÃO)
Oh, fico muito feliz por isso! ? beijinho ✨