Maio, 21. 2020
02h44: O mundo não está a arder, mas tudo em mim é inflamável e arde sem parar. Basta uma faísca para tudo queimar. O amor costumava ser assim, como um fogo que ardia sem parar, mas cada vez mais essa chama foi diminuindo e diminuindo, e hoje há faíscas que já nem acendem o peito de alguém, há fogos que terminam antes de terem começado. O amor nos dias de hoje não queima, não nos faz arder de tanto querermos aquela única pessoa, do quanto essa mesma nos faz bem e nos faz vibrar e acender. O amor de hoje apaga os fogos, escurece tudo. O amor de hoje é gelado, já não queima, apenas arrefece. Não deixa rastos de líquido inflamável, não deixa esperanças de renascer e ascender. Apenas retira-nos aquilo para que fomos feitos. Fomos feitos para incendiar e criar fogos no peito de alguém, para sentir as chamas no nosso peito, sem diminuições ou inibições. Fomos feitos para incendiar, não para reduzir as pessoas em cinzas. Tem de arder, tem de nos fazer acender o que de mais belo temos, caso contrário, não é para ser.
— Somos fogo, não cinzas que um dia arderam e se reduziram a um mero nada.
2 Comentários
Há amores que, infelizmente, não trazem chama, trazem todo o lado tóxico desse fogo :/
Totalmente. Saímos deles completamente destroçadas.