A quem partiu, a única coisa que posso pedir é que não regresse. O pior sempre fica para quem cá fica e permanece. Quem continua, pensando no que foi feito e dito, na despedida.
O melhor conselho a quem parte e não sabe se fez o melhor é jamais regresse, já fez merda o suficiente! Para quê regressar para voltar a magoar?
As pessoas julgam conhecer a dor, quando fazem sofrer deliberadamente os outros a seu redor. Sejamos sinceros: nem sempre nos importa a dor do outro; às vezes, queremos mesmo magoar e impor-nos sobre alguém.
Partir, sem saber realmente o porquê, não te dá o direito de voltar só porque encontraste um motivo para voltar, no caminho para onde escolheste ir. Se seguiste, vá avante. Termina o teu percurso e jamais cruzes caminho com o de quem fizeste sofrer. Se tinhas de ir, não tens de voltar.
A vida nos dá tantas maneiras de amar, quando só sabemos desprezar e amargar as vidas de quem nos quer bem. No fundo, há muitas más pessoas no mundo. Há as que agem por impulso, as que são frágeis e influenciáveis, as que mudam e partem para poder pertencer a algum lugar — quando nem sempre, chegam a pertencer a lugar algum. O nosso lugar é perto de onde o nosso coração está feliz e quente. Se esfria é porque não é para ser. Teremos de procurar melhor.
Partir nem sempre é mau, mas causa tanta dor em quem fica e não entende o porquê da ida. Não há forma mais simples e menos dolorosa de explicar que nem sempre as pessoas nos pertencem. Ocasionalmente, estão de passagem, vivendo ciclos, sofrendo metamorfoses. Há que entendê-las, claro está. O que não lhes dá o direito de regressar e ter tudo no seu devido lugar.
Há uma porta que se fecha e jamais se abre. Portanto, a quem partiu, porque quis, que não ouse voltar, porque precisa. Somos precisos sempre e não só em ocasiões de aperto. Que vá e não volte. Afinal, quem fechou e trancou a porta foi quem realmente se despediu.
2 Comentários
As pessoas têm mesmo que saber o que querem. Porque não estão sozinhas. Porque vivemos numa partilha com os outros e há sentimentos envolvidos [sejam eles de que natureza forem] e não é justo brincarmos com eles. É certo que não permanecemos na vida de todos aqueles com quem nos cruzamos, mas temos que estar cientes de que, quando resolvemos partir, isso tem consequências
Precisamente. Infelizmente, há uns com mais consciência do que os outros. Falo por mim, que demoro tanto tempo a partir quando os outros partem, muitas das vezes, sem motivo para tal. Para uns é fácil e para outros nem tanto.